A importância de rastrear a cadeia de suprimentos

A rastreabilidade é a capacidade de rastrear todos os processos desde a aquisição de matérias-primas até a produção e consumo, para que fique claro onde o produto foi produzido e por quem. É particularmente importante para um produto como a soja, que é proveniente de áreas ambiental e socialmente sensíveis, como o Cerrado brasileiro, a savana mais biodiversa do mundo, porque garante um monitoramento claro se a terra usada para a produção foi desmatada ou está localizada dentro de áreas protegidas que não devem ser usadas para a produção de grãos.

O compromisso da COFCO International de apoiar a produção e o abastecimento sustentável e responsável de soja, visando à rastreabilidade total das compras diretas de soja do Brasil até 2023, é uma parte importante desses esforços. Essa rastreabilidade é o primeiro passo para realmente entender a cadeia produtiva e suas potenciais exposições a riscos, que no Brasil estão focadas em desmatamento, conservação de vegetação nativa e questões ambientais e sociais.

“Quando sabemos exatamente onde o produto foi cultivado, torna-se possível realizar análises precisas e mitigar o impacto”, afirma Julia Moretti, Head Global de Sustentabilidade. “Uma vez que as informações geográficas da fazenda são obtidas, nós as inserimos no sistema da COFCO, permitindo que nossas equipes vejam quaisquer riscos ambientais e sociais associados a essa localização precisa, como desmatamento ou áreas indígenas.”

A COFCO International trabalha com mais de 7.000 agricultores no Brasil e espera-se que todos eles cumpram o Código de Conduta de Fornecedores e políticas de fornecimento específicas de commodities, inclusive respeitar os direitos das pessoas, comunidades locais e povos indígenas, para colaborar no aumento da soja rastreável na cadeia de suprimentos, eliminando o desmatamento em toda a cadeia e fazendo a transição para a produção de soja livre de conversão de vegetação nativa.

Prova, com validação externa

Os esforços da COFCO International em rastreabilidade têm mostrado resultados significativos no Brasil. Em 2020, a empresa associou-se à International Finance Corporation (IFC), membro da Good Growth Partnership do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que coordena uma ampla gama de stakeholders e iniciativas para reduzir o desmatamento e possibilitar o desenvolvimento sustentável em três cadeias globais de fornecimento de commodities: soja, carne bovina e óleo de palma. Inclui uma abordagem integrada para reduzir as ameaças ambientais no Matopiba e promover a produção sustentável de soja.

O Matopiba abrange mais de 73 milhões de hectares com 90% de sua superfície localizada no Cerrado. Com a ascensão do Brasil para se tornar um dos maiores produtores e exportadores de soja do mundo, os ecossistemas do Cerrado estão sob crescente pressão da conversão de terras e expansão agrícola, com o Matopiba em evidência.

Para apoiar isso, a parceria da COFCO International com a IFC incluiu a Agrosatélite, empresa que usa imagens de satélite de sensoriamento remoto para observar a superfície da Terra e o possível impacto do cultivo de soja nos ecossistemas mais valiosos do país. Em dezembro de 2021, a COFCO International alcançou a rastreabilidade total e concluiu a verificação socioambiental de toda a sua soja de origem direta na região do Matopiba.

Essa conquista é baseada nos esforços da COFO International em rastreabilidade, condição para o pré-financiamento dos produtores de soja no Brasil. Todas as operações de pré-financiamento incluem avaliações de risco ambiental e social para cada fazenda, com o objetivo de garantir que todos os volumes adquiridos sejam rastreáveis. Esta etapa foi incluída nas políticas e processos de crédito da COFCO International, a pedido do IFC, um dos acionistas da empresa na época.

Alinhamento completo

O trabalho de rastreabilidade da COFCO International é um esforço coletivo em toda a empresa. A localização geográfica de cada fazenda precisa ser documentada ao longo do processo, desde a equipe comercial no início das negociações, passando pelos departamentos administrativo e sustentabilidade inserindo os dados geográficos nos sistemas da COFCO International garantindo que as informações sejam mantidas corretamente no contrato, faturas, registros logísticos e demais documentações durante a operação.

“Precisamos dos dados geográficos precisos de qualquer fazenda com a qual queremos trabalhar. Podemos então comparar a localização com mapas que mostram vários riscos sociais e ambientais e ver imediatamente se há alguma sobreposição”, diz Moretti.

Os critérios de risco socioambiental são definidos na Política de Fornecimento Sustentável de Soja da COFCO International, que também estabelece como as análises em nível de fazenda devem ser implementadas, com base em uma abordagem de risco.

Todas as fazendas em municípios de alto ou médio risco, e que não passaram pelo processo de pré-financiamento, estão sujeitas à avaliação de imagens de satélite. As ações tomadas dependem dos resultados: podem ser oferecidas novas oportunidades de mercado ao produtor, como esquemas de certificação, ou no pior cenário, interromper imediatamente qualquer negócio. Este processo só pode ser alcançado através de uma rastreabilidade total.

De sugestão à obrigação

A aceleração das mudanças climáticas, destacada em grandes eventos internacionais, como o Acordo de Paris e a COP26 Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas do ano passado, aumentou significativamente a conscientização sobre sustentabilidade entre as instituições financeiras e seus clientes, explica Vivek Sharma, Head de financiamento da COFCO International.

Em relação à rastreabilidade na cadeia de fornecimento de soja, a liderança da COFCO International desempenhou um papel importante na obtenção de dois empréstimos vinculados à sustentabilidade, totalizando US$ 3 bilhões. Sob os termos desses empréstimos, os credores concordaram em fornecer incentivos financeiros na forma de taxas de juros mais baixas para a COFCO International atingir metas de sustentabilidade, abrangendo a rastreabilidade e triagem socioambiental de seus suprimentos de soja no Brasil e aspectos ambientais, sociais e classificação de governança corporativa da agência independente Sustainalytics.

O primeiro desses empréstimos, no valor de US$ 2,3 bilhões, foi o maior empréstimo vinculado à sustentabilidade para uma trading de commodities. O segundo empréstimo de US$ 700 milhões estendeu as metas para incluir triagem e rastreamento.

Os empréstimos vinculados à sustentabilidade exigem um alto grau de comprovação e garantia das metas sociais e ambientais e detalhes das práticas de sustentabilidade das empresas, políticas de abastecimento, fornecedores, due diligence realizada e compromissos para os próximos três a cinco anos. Os credores exigem que todos eles sejam auditados e verificados por terceiros.

“Os bancos procuram cada vez mais apoiar as empresas com empréstimos atrelados ao desempenho de sustentabilidade, alinhados com seus próprios objetivos socioambientais. Poder comprovar a sustentabilidade do seu negócio possibilita o acesso a mais financiamentos e com melhores taxas. As metas devem ser sérias, ambiciosas e totalmente prováveis para que os credores tenham certeza de que as empresas estão cumprindo suas promessas. Basicamente, a sustentabilidade costumava ser algo bom de se ter, mas gradualmente está se tornando um item obrigatório para a maioria das indústrias e especialmente as grandes empresas”, diz Sharma.

“Quando falamos de vínculo de sustentabilidade, trata-se de preços e disponibilidade de financiamento à medida que mais bancos se interessam em emprestar quantias maiores.”

Essa incorporação da rastreabilidade na estratégia de financiamento da COFCO International é uma grande vantagem para o trabalho de sustentabilidade, diz Moretti. “Isso traz benefícios significativos, porque aumenta o perfil de nosso trabalho e investimos as economias de margem desses empréstimos para financiar outras iniciativas de sustentabilidade”, acrescenta ela.