Imagens de satélite desempenham um papel importante na construção de uma cadeia de abastecimento sustentável de soja
Para criar uma cadeia de abastecimento livre de desmatamento, a informação é fundamental. E quando se trata de soja, isso significa entender o que está acontecendo no campo, tanto o quadro geral quanto os pequenos detalhes em cada etapa do caminho.
Porém, o desafio de monitorar áreas que cobrem milhões de quilômetros quadrados não é um trabalho de escritório. De fato, a melhor forma de fazer isso é do espaço.
É por esse motivo que a COFCO International mantém uma parceria no Brasil com a Agrosatélite, uma empresa que utiliza imagens de satélite de sensoriamento remoto para observar a superfície da Terra e o possível impacto do cultivo da soja nos ecossistemas mais valiosos do país.
Essas imagens de satélite permitem o monitoramento de alvos dinâmicos, como safras anuais e mudanças na cobertura da terra relacionadas ao desmatamento.
Os satélites tem permitido à COFCO International mapear e avaliar a conformidade de mais de 1,2 milhão de hectares de fazendas de soja em todo o Brasil anualmente.
SIMFaz, o sistema de monitoramento agrícola da Agrosatélite, ajuda a avaliar os riscos ambientais, sociais e financeiros. Essa tecnologia é uma aliada do projeto conjunto da COFCO International com a International Finance Corporation (IFC), membro do Grupo Banco Mundial, para desenvolver uma cadeia de suprimentos mais rastreável e sustentável no Matopiba, importante hotspot de biodiversidade do Cerrado brasileiro e que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
O objetivo do projeto é garantir que as fazendas fornecedoras estejam livres de trabalho forçado, não estejam localizadas em terras indígenas, unidades de conservação ou áreas embargadas e estejam em conformidade com as regulamentações locais, bem como acordos globais. Espera-se que o projeto cubra pelo menos 85% dos fornecedores diretos da COFCO International Brasil na região do Matopiba até 2021, alcançando, no mais tardar, os 100% até 2022.
“Alcançar uma cadeia de abastecimento de soja sem desmatamento requer um esforço conjunto de todos os participantes envolvidos”, afirma Wei Peng, Head de Sustentabilidade da COFCO International.
“Entretanto, precisamos de informações e dados precisos para tomarmos as decisões corretas de abastecimento. E ficamos em uma posição muito melhor para fazer isso quando temos essas imagens de satélite e sua interpretação”.
Imagens de satélite são usadas por empresas, governos, ONGs, organizações internacionais e associações industriais para reunir dados e informações que os ajudam a tomar melhores decisões sobre a questão-chave da conservação florestal.
PRIMEIROS SATÉLITES DE OBSERVAÇÃO DA TERRA
A imagem de satélite não é nova. Em julho de 1972, o Landsat-1 foi lançado com a intenção de estudar e monitorar as massas de terra do nosso planeta. Poucos meses depois, a tripulação da Apollo 17 hipnotizou pessoas ao redor do mundo ao fotografar o Blue Marble, uma imagem da Terra tirada de uma distância de cerca de 45.000 quilômetros.
O que mudou desde então e por que as imagens de satélite não foram utilizadas, de forma mais eficaz e há mais tempo, para fins de conservação?
Bernardo Rudorff, CEO e co-fundador da Agrosatélite, afirma que os maiores avanços alcançados nas imagens de satélite são a frequência de revisita com que as imagens são tiradas, a nossa capacidade de interpretá-las e, posteriormente, agir sobre elas.
“As fotos da década de 1970 certamente capturaram nossa imaginação coletiva”, diz Rudorff, que já trabalhou como fotógrafo e agrônomo. “Mas à medida que as imagens se tornaram mais sofisticadas e frequentes, começamos a usá-las para entender melhor a extensão do impacto humano no planeta”, afirma.
A classificação automática de imagens para produzir mapas de soja de alta qualidade ainda tem algumas limitações, mas está melhorando rapidamente graças à disponibilidade de obtenção de um número cada vez maior de imagens durante o curto período de cultivo da soja.
Os avanços tecnológicos significam que as imagens de satélite são mais capazes de monitorar a superfície do nosso planeta em diferentes resoluções espectrais, temporais e espaciais do que antes. Mas o processo de extração de informações geralmente requer o envolvimento de equipes especializadas.
É por isso que a equipe da Agrosatélite frequentemente participa de visitas de campo. Dessa forma, eles podem se manter atualizados sobre as diferenças locais e regionais, bem como das variações de clima ou econômicas.
TECNOLOGIA APENAS NÃO É SUFICIENTE
Então, é possível dizer que as imagens de satélite podem salvar as florestas? De acordo com Rudorff, sim, mas apenas se houver um esforço conjunto para agir sobre os dados que são extraídos.
“Com certeza é possível”, afirma Rudorff. “Sem tecnologia, não saberíamos o ritmo do desmatamento em regiões críticas e nada seria feito para detê-lo.”
A Moratória da Soja, por exemplo, uma iniciativa de desmatamento zero para a cadeia produtiva da soja, só é possível por meio de tecnologia de satélite para detectar a soja que foi plantada em terras desmatadas desde 22 de julho de 2008.
Mas a tecnologia por si só não é suficiente.
É preciso que ela seja complementada por políticas e ações rígidas. Também é necessário que haja a adesão de todos os participantes da cadeia de abastecimento da soja, especialmente os próprios produtores.
Uma solução viável e de longo prazo para acabar com a conversão de terras impulsionada pela soja deve envolver toda a indústria e, ainda mais importante, colocar os produtores no centro dessa transição. A COFCO International está trabalhando para essa solução como parte integrante de vários grupos internacionais.
A COFCO International agora quer estender a utilização de imagens de satélite para cobrir mais fazendas fornecedoras, que estão localizadas em outras regiões sensíveis, a fim de compreender melhor o uso da terra e as mudanças na cobertura do solo associadas à expansão da soja.
“A produção de soja pode andar de mãos dadas com a conservação de florestas e vegetação nativa”, diz Peng.
“As imagens de satélite nos dão o conhecimento necessário para entender melhor os perfis de sustentabilidade das fazendas fornecedoras de soja e promover um engajamento direcionado com os produtores sobre formas concretas de apoiá-los na produção e expansão da lavoura, sem que haja necessidade de conversão.”