Produtores de soja no Paraguai recebem apoio para produção sustentável
Na região da Mata Atlântica situada no sudeste do Paraguai, os pequenos agricultores começam seus dias bem antes do amanhecer, mas às vezes não os terminam antes de completar 16 horas de trabalho. Entre alimentar animais e cultivar suas colheitas, há pouco tempo para fazer qualquer outra coisa.
Apesar dos dias extremamente longos, centenas de produtores de soja da região se inscreveram em oficinas de produção sustentável, que é parte de um amplo projeto chamado Mejor Agro. Lançada em 2017, a iniciativa planejava trabalhar com apenas 100 agricultores, mas, em outubro de 2019, cerca de 1.500 produtores já haviam participado de oficinas de treinamento.
Implementado pela COFCO International, Solidaridad e Cooperativa Colonias Unidas, o projeto gerou tanto interesse que agora é estimada a realização de uma segunda fase.
Suporte sob medida
O projeto utiliza uma ferramenta digital - "Horizonte Rural" - para avaliar o gerenciamento das fazendas em mais de 100 indicadores de sustentabilidade. Esses indicadores cobrem questões ambientais, sociais e econômicas e se baseiam nos padrões da Mesa Redonda sobre Soja Responsável (RTRS), além da legislação paraguaia.
Com base na avaliação inicial a nível de fazenda, foi gerado um plano personalizado de melhorias para cada agricultor participante. A ferramenta permitiu uma avaliação regular ao longo do projeto para monitorar o progresso e a necessidade de realizar treinamentos.
Depois que as lacunas e as necessidades de treinamento são identificadas, agrônomos e técnicos visitam os agricultores para fornecer assistência a nível de fazenda. O projeto também produziu manuais e materiais de treinamento, como vídeos e pôsteres. Até o momento, foram realizadas 36 oficinas.
As oficinas e o suporte técnico cobriram tópicos como gerenciamento financeiro, fertilidade do solo e doenças da soja, além de questões ambientais como manejo florestal e hídrico, por exemplo. Também foram abordados aspectos de saúde e segurança, incluindo a aplicação segura de defensivos, uso de equipamentos de proteção e direitos trabalhistas.
"Este projeto tornou a produção de soja mais sustentável", diz Alma Acosta, gerente de programa da Solidaridad Paraguai. "É muito gratificante ver o progresso alcançado por agricultores individuais".
Resultados mensuráveis
O progresso foi medido de forma bastante evidente, com avaliações agrupadas em níveis de 1 a 4. Por exemplo, cerca de 85% dos agricultores começaram o projeto no Nível Dois e, depois de dois anos, a maioria já havia alcançado um progresso notável.
"Muitos dos agricultores tinham acesso limitado a essas informações de antemão", diz Alma. "Após as oficinas de treinamento e visitas técnicas, a maioria passou para os níveis Três e Quatro".
A gestão financeira foi onde se observou o progresso mais significativo. No início do projeto, 52% dos agricultores estavam classificados no Nível Dois pela forma como administravam seus negócios. Após dois anos, cerca de 72% já estavam no Nível 4.
Outra mudança evidente é que os agricultores agora usam e gerenciam seus defensivos com mais eficiência e segurança.
O projeto Mejor Agro está recebendo reconhecimento internacional. O Pacto Global das Nações Unidas (UNGC), uma iniciativa voluntária que incentiva as empresas na adoção de práticas sustentáveis e socialmente responsáveis, convidou a Mejor Agro para apresentar o projeto durante a cúpula regional, realizada no México em dezembro deste ano. O Pacto Global constatou o uso de tecnologia digital no projeto, a análise em tempo real das práticas agrícolas e melhorias permanente em sustentabilidade na produção.
